22 novembro, 2010

A Insustentável Leveza da Bolha de Sabão


A Insustentável Leveza da Bolha de Sabão
Luigi Ricciardi

            Bolha separatista, isolamento programado. Útero, casa dos seus vinte de poucos anos. Bolha é de sabão, de fato, sopro da verdade machuca carne tenra e sedosa. Bolha simbólica chocar-se-á com o real. Quando criança, mamãe toda louvores, palminhas para as artimanhas. Monstro do id criado, vegetando cérebro em cabeça grande.
            Umbigo corredor de fórmula um, campeão mundial de Freud. Se na corrida outro motor é mais forte, senta a chorar ao lado do muro. Desculpa-se com o mundo por sua falta de tempo, mentiras contadas diante da tela hipnotizadora. Por ela acha que compra o mundo, por ela acha que ganha pessoas.
            Elitizado culturalmente, visão errônea dos que são menores ainda. De fato, cerebelo estrumizado, oportunidades na lixeira, o que vale é um par de óculos escuros e dizer que se alcooliza. Enfim, coca-colas alcoólicas do seu bel prazer são seus alucinógenos doentios. Compra tudo do que não precisa, dispõe de livros que não vai ler, filmes que não entende. Escreve meia dúzia de versos e ganha o Nobel.
        Vivendo a comprar sorrisos com palavras docemente juntadas, acredita alcançar verdadeiras expedições pelo mundo, ledo engano de quem não escuta os comentários por detrás da porta. Só convém se paga a conta, e mesmo assim, ao deixar em casa a companhia, sofre dela risinhos escondidos de escárnio.
            É rei da sua própria bolha, não teve o choque existencial do real. Mamãe estica a mão e dá-lhe de comer, veste-lhe e limpa a bunda cheia de seu cérebro. Constrói castelos de papel, não vê sua Atlântida afundar em mar calmo. Mordendo restos de carne de pescoço, macia como sua alma, ele se desespera ao ver que algo aparenta ser mais brilhoso que a si mesmo. E se o seu ego é ofuscado por um clarão vindo de longe, vende a mãe por um elogio.