08 setembro, 2009

Ode à Liberdade

Salvo a microfonia, o resultado ao vivo da canção que nos trouxe de volta aos palcos foi boa. Obrigado aos amigos que compareceram e/ou torceram. Iremos participar do Festival de Jacarézinho com a mesma canção. Já que o vento sopra perto, sigamos o rumo incerto!

Ode à liberdade

(Luigi Ricciardi, Lucas Sant'Ana & Laís Barbiero)

Papapapapa.....

Se acaso o vento sopra perto

Quero seguir um rumo incerto

Me desmanchar em rarefeito ar

Se aos meus pés viesse a liberdade

No pôr do Sol, ao fim de tarde

Posso me aventurar em ti, oh mar!

Pelas estradas,

Mil devaneios,

Se é fantasia não vou me importar...

La la la....

Sentir-se livre é estar sobre a montanha

Compreender a força estranha

Como maná poder se derramar

Na areia branca ver seus passos

Nuvens dançando o seu compasso,

Na melodia ver-se inspirar...

Hoje estou livre!

Que devaneio...

Se é fantasia vou continuar...

La la la

Papapapapa.....

Pelas estradas...

Papapapapa.....

04 agosto, 2009

2º ACORDE UNIVERSITÁRIO


Olá, Pessoal.

Venho convidar a todos a prestigiarem o 2º Acorde Universitário que terá lugar no Teatro Oficina da Uem nos dias 13, 14 e 15 de agosto. Foram 79 músicas inscritas, sendo selecionadas 30 para a semifinais dos dias 28 e 29. A final será no dia 30 com 15 músicas, tendo premiação para os três primeiros lugares.
A Banda "Café Literário", da qual faço parte, foi selecionada para as semifinais. Tocaremos a música "Ode à Liberdade". Os 15 finalistas participarão de um cd gravado ao vivo no local, e aclamação popular também conta pontos e dará um prêmio. Ou seja, com o apoio de vocês podemos conquistar algum dos prêmios, mesmo sabendo da dificuldade e qualidade dos outros participantes. Se não ganharmos, pelo menos teremos a companhia dos amigos. Se ganharmos, prometeremos uma festa!
Se se insteressarem, falem comigo pelo msn luismaringa@hotmail.com, que enviarei com prazer a música para vocês.

Abraços!


PS: Seremos a quarta banda da sexta-feira

12 julho, 2009

GUINHO



Bom dia!
Hoje trago um conto um pouco dolorido para mim mesmo. É uma história verdadeira, a história de um cão. Todos sabem da minha paixão por animais, sobretudo pelos cães. Já tive vários e tenho uma relação muito gostosa com eles. Os animais são sempre verdadeiros, sejam eles bravos ou bons. São fiéis aos seus princípios e sentimentos, não usam máscaras como os seres humanos. Um dos cachorros que mais me marcaram foi Guinho. Viveu pouco mais de cinco anos, e foi mais intenso e feliz do que muita gente que conheço. Ainda hoje, um ano e meio depois, sua imagem, quando me vêm à tona na memória, ainda me traz dor pela sua perda. Era meu dever transformar sua história em literatura. Eis, abaixo, o resultado. Abraços, espero que gostem!


GUINHO

Com olhos amedrontados e com coração descompassado é que Guinho chegou a minha casa em um triste e chuvoso domingo. Desamparado e renegado pela antiga tutora, eu o trouxe para casa por pena e incerteza de seu destino. Por conta do frio que castigava nossas paisagens, Guinho veio envolto em pedaços de pano que o semi-protegiam da baixa temperatura. Era farto de pelo, de raça não tão nobre, tinha olhos dourados e tremia congelado. Chegou com a aprovação de todos da casa, mas se viu naufragado em uma praia estrangeira.

Passou as primeiras noites sobre o tapete de meu quarto, e só adormecia após muito lhe afagar os pelos revoltosos da cabeça, e a dirigir-lhe as palavras por alguns minutos a ninar lhe. Com o passar dos dias, passou a me reconhecer, a abanar o rabo quando lhe trazia seus quitutes. E, ligeiro, foi reconhecendo o novo lar, os cheiros, inclusive as vozes carinhosas que lhe eram dirigidas. Em uma casa já dominada por outros cães, Guinho passou a ser o centro de todas as atenções, e todos só sabiam agradá-lo e a dirigir-lhe palavras doces. Adquirindo confiança em seu novo habitat, fez suas necessidades sobre um colchão, e aí já imaginas, teve de ser educado, afinal, já se punha em tempo. Chorou muito ao passar a prima noite do outro lado da porta, mas se habituou às intempéries com brevidade. Ao primeiro raiar do sol, tomou contato com os donos do espaço. Os outros cães, no início, desviavam-lhe olhares de desconfiança, enviesados e cismados, mas logo se puseram a diversão, tomando como novo amigo o recém-chegado. Dino era afável como o sol de junho; e Rex, apesar da dureza rochosa ao primeiro contato, era feito trapezista e viva com gracejos o dia todo. Portanto, não teve Guinho problemas grandes de adaptação, príncipe na nova terra.

Nem tanto, de início. Existiam outros moradores, os taciturnos do local: os felinos. Os outros já estavam acostumados com os gatos, e esses com aqueles também, então viviam em um espaço igualitário sem se incomodarem. Guinho com toda a sua simpatia, quando viu o primeiro, ignorou os instintos rivais inertes em si, e avançou para brincar com o mesmo. Foi sovado e levado à lona em pouco tempo, e correu uivando de dores se escondendo no primeiro canto escuro que viu. O Encontrei-o com olhar acabrunhado a resmungar sons como uma criança que cai da bicicleta na primeira tentativa. Agachei-me e sussurrei doçuras aos seus ouvidos, ao qual me retribuiu com uma boa lambidela na boca. Feliz ficou, e retomou seu caminho e foi-se deitar.

Guinho era um levípede nato, aparecia quando menos se esperava, por detrás da porta ou por debaixo do assento, precipitando-se a nos lamber os calcanhares. Mas dessas súbitas aparições ele vinha principalmente para nos chamar a atenção com uma característica que ficou marcada para sempre. Precipitava o corpo para os dois lados, a parte da frente para a esquerda, e a de trás para direita, e vice versa. Nesse jogar de cintura, nasceu uma dança engraçada, marca registrada de sua existência. Outra característica divertida de Guinho aparecia quando assoprávamos seu focinho. Ele punha a cara no chão e tentava tirar com as patas dianteiras o vento por nós soprado. Poderia passar horas fazendo isso e ele continuava a agir da mesma forma, o que levava todos às gargalhadas.

Como todas as crianças ele veio a crescer, entretanto não menos traquinas. Fazia suas necessidades em qualquer lugar, sem se importar com o estrago: plantas, paredes, portas, mesas e onde mais lhe desse a telha. Apanhava, mas não aprendia, quem entenderá os cães, não?

Triste foi em uma manhã o adeus silencioso de Dino bem como a tarde dantesca em que Rex se foi por baixo de uma roda de ônibus. Guinho então, se viu sozinho, sem seus parceiros de festas diárias. Entristeceu-se, procurava os amigos quando, brincando, chamávamos seus nomes.

Porém, o calor humano não deixou que seu coração permanecesse na fria e úmida passagem do sofrimento, ou foi ele que não deixou que nossos corações se esfriassem? Seja qual, Guinho se tornou verdadeiramente um membro, uma ramificação animalesca da família. Se bem que nem tão animal assim, mesmo sendo cão ele parecia entender com um olhar o que se passava internamente conosco. Eu, apenas eu, cheguei a essa conclusão, aproximei-me de tal forma ao canicho, que a relação já me semelhava uma irmandade. Vinha ele sempre com seu dançar sambólico, com seu olhar doce e benévolo, procurando carícias e dando conforto. Quanto tristonho eu estava, Guinho aparecia repentinamente e me fazia rir com seu jeito desastroso de andar. Se não me despertava risos, compreendia o meu mau humor ou meu pensamento longínquo, então se aconchegava no tapete e ficava absorto nos seus próprios pensamentos.

Diariamente, ao ouvir minha voz pela manhã, ou ao ouvir ao menos o trinco da porta a se abrir, corria jardas ao meu encontro para que eu lhe saudasse com meu bom dia. E punha suas patas em minhas pernas, para receber o afago amigo matinal. Não dormia enquanto não via minha chegada pelo portão, corria ao meu encontro com os olhinhos já pesados pela peleja do dia, afinal latir não é para todos.

Em se tratando exatamente disso, o latir, é que conflitávamos. Guinho passava o dia a latir para qualquer movimento suspeito, seja ele o voar de uma borboleta ou passar de um lixeiro. Irritava-me a dedicação com que ele se punha para tal. Só meus berros o faziam cessar, e amedrontado, corria para sua casa, ou estendia seu olhar de penitência pra mim. Conseguia cortar-me o peito, e então ao meu chamado, ele respondia prontamente correndo ao meu encontro com seus pelos balançando ao vento, a língua para fora, pronta para lamber, e com o corpo já ensaiando seu bailar circense. Mantínhamos, assim, uma relação amável de dois seres que, humano e cão respectivamente, se entendiam como poucos.

Contudo, a fatídica treva sempre nos espreita, e quis o destino que ela viesse como na maioria das vezes: sem espera. Adoeceu-se o animal e por mais que fizéssemos, não houve o que ser feito. Começou com um andar sôfrego e ferimentos pelo corpo. Enxergava apenas impressões da realidade, não comia, e só nos atendia abanando o rabicó reconhecendo nossas vozes. Certo dia, nos auges de suas dores, não mais andou. Deitou-se e permaneceu dias agonizando sua doçura. Esperando o esperado, resolvi despedir-me. Aproximei-me dele, fiz afago, todavia não me reconheceu. Porém, ao deitar ao seu lado, trazendo a cabeça perto da sua, e olhando no fundo dos seus olhos é que ele reagiu. Abanou a calda, balançou o corpo, executando para mim sua última dança, aquela que me fez rir por muitos anos. E deixou desprender uma lágrima, fitando-me, dizendo algo que nenhum ser jamais me disse, dando adeus e agradecendo-me a amizade.

Pouco mais de meia década após os choros noturnos de sua chegada, Guinho despedia-se brevemente com uma gota lacrimal ao fitar profundamente no mais recôndito âmago de seu dono. Cerrou seus olhos não como quem fecha uma porta, mas quem diz até breve, onde continuaremos nossa afeição, simpatia, benevolência, bem-fazer, dedicação e afeto construídos a base de uma sólida amizade.

Aqui sentado, hoje me fica a imagem dele correndo pelo jardim, dos pelos a balançar, do olhar acabrunhado, de sua irreverente dança, e do seu companheirismo eterno. O tapete está vazio, mas é como se ele estivesse ali, deitado, com as patas lançadas a frente, inundado em seus próprios pensamentos, absorto em sua existência.