22 junho, 2013

De como vejo o que se passa




De como vejo o que se passa
Luigi Ricciardi

Não sei dizer se sou totalmente de esquerda, mas sou muito simpático às suas ideias, apesar de não ser filiado a nenhum partido. A esquerda está, infelizmente, desunida e diluída. Qualquer coisa de caráter coletivo não é vista com bons olhos. O crescimento do individualismo em escala estratosférica travou a coletividade. Por isso eu acredito que o momento é propício para mudarmos essa esfera. Deixemos salas e quartos e nos juntemos a outros, cara a cara, para discutirmos, sem levar isso para o lado pessoal. No Brasil, parece-me que evitar a discussão é respeitar o outro, o que eu acho bobagem. Na França, por exemplo, respeitar a opinião do outro é discutir com ele. Os franceses são amantes históricos de embates ideológicos. Cinco minutos depois de uma discussão que parece que irá terminar em duelo físico, já lá estão tomando um vinho em algum café de Paris falando de arte. Acho que isso deveríamos copiar.
Até porque a discussão nos leva à auto-avaliação. Devo ser autocrítico, e tentar ver que posso muitas vezes estar errado ou não totalmente correto. Apoio e estou participando dos protestos que estão ocorrendo nas últimas semanas, apesar de achar que há ideias exageradas, tanto do “oba oba”, quanto do niilismo completo. Como diz meu amigo Fábio Fernandes, há muito Nostradamus para pouca profecia, gente cantando golpe de estado e outras coisas mais, para um dia dizer “olha, eu avisei”, enquanto toma uísque escocês no apartamento acarpetado.
            Há severas críticas ao movimento, dizendo que é falso, vazio e oco. Muita gente exige foco, e eu concordo, temos que focar e elencar as reivindicações e lutar cara a cara com os organismos diretos a quem reivindicamos. Porém, não dá para cobrar foco da maioria, nem consciência política clara, uma vez que essa população que mal sabe escrever o nome é que estava com o grito preso. Não dá pra exigir da massa discussão teórica comum a doutores universitários. O povo que não teve educação apropriada não pode ser exigido num primeiro momento, talvez guiado, mas não severamente criticado como vem sendo. Longe de chamar o povo de burro, que não entende teorias, ele só não teve acesso e grita da maneira que sabe gritar.
O que muda tudo é o tom empregado. Muita gente está dentro do movimento e parece estar realmente querendo fazer uma boa discussão e tentar ajudar a guiar as coisas. Mas tem muita gente que chama a todos de burros e fica debaixo do cobertor escrevendo seus rancores no facebook, dizendo que as coisas deveriam ser diferentes e condenando todo e qualquer ato. A mudança e as decisões têm de ser intramovimento. A discussão teórica ajuda, mas teorias muito profundas e discussões de salões acarpetados não vão muito à prática. A pseudo-intelectualidade pode diminuir a força dos movimentos. Se quiser ajudar, entre e discuta, participe, não fique na Lua olhando para a Terra com um binóculo com o dedo em riste.
            Realmente é difícil conter os gritos plurais, somos explorados há cinco séculos, e é bom que se exploda o grito. É claro que é um momento emocional, muito mais do que racional, porém necessário. Depois da explosão é que vem a razão, aí focamos, aí discutimos, aí decidimos. Foi o que eu disse uma vez em uma discussão, o movimento está muito mais para transbordante do que vazio. Claro que há muitas reivindicações bobas, como o pedido do impeachment da PRESIDENTE (presidenta não existe) Dilma, por exemplo. Estou longe de estar contente com o governo dela, porém não é a figura dela que deve ser demonizada, e sim a situação política, não a estrutura, pois a estrutura democrática é essencial, o que é errado é maneira como ela é conduzida. Pedir uma reforma da estrutura é pedir totalitarismo. O que penso que deve ser feito é uma reflexão do fazer político. É entender que o poder executivo talvez seja o que menos tenha poder. É saber que o poder legislativo é que talvez seja a maior concentração da corja do país, e que é lá que as leis são promulgadas, e a limpeza precisa ser feita lá. Porém, acredito que devemos focar os problemas locais, inicialmente municipais, depois estaduais, sem perder conexão com os nacionais.
            Entendo e já vi que muitas pessoas com tendências questionáveis de visão política estão se infiltrando no movimento. Acredito inclusive que isso não está sendo feito por gatos pingados, penso que há uma articulação organizada sim, embora pequena. Não digo que seja de fácil identificação, e nem dá para proibir a entrada das pessoas nas manifestações, é quase impossível, é como se fizéssemos uma entrevista com cada um perguntando “Você é militarista? Ah, então você não pode aderir”, até porque se há infiltração ninguém vai falar abertamente. Mas devemos abrir os olhos e tentar analisar, discutir em grupo, ouvir as pessoas, para que esse povo seja visto e seja podado de alguma forma. Não, eu não sei de que forma evitar esse pessoal. Estou longe de ter ideias conclusivas.
            Vi também pessoas que são completos niilistas e vão às manifestações para poder depois criticar um ou outro elemento que elas viram como negativo nas manifestações. Fica fácil criticar, a ideia já vem formada antes, de casa, realmente os olhos vão focar os erros, os acertos estão longe de serem citados por esse bando niilista. Vi muita gente no “oba oba” também, indo às manifestações como se fosse uma micareta, escolhendo com as amigas até o figurino mais interessante para usar nas passeatas. Cuidado com os extremos, galera!
            Entendo o medo em relação aos símbolos nacionais (bandeira, hino) de uma perspectiva histórica. Vários estados totalitaristas fizeram isso para levantar o ufanismo nas pessoas e conquistar as massas. Mas acredito que a coisa não seja tão radical assim. Nos protestos em 2010 na França a respeito do aumento da idade da aposentadoria (de 60 para 62 anos), vi que muitos franceses iam às ruas com a bandeira do país cantando La Marseillaise. Isso quer dizer que eles eram fascistas? Acredito que não. Povo que sofre precisa da figura de um herói (isso é bom e ruim ao mesmo tempo), e o povo brasileiro acabou elegendo as figuras do hino e da bandeira como uma referência pela qual lutar.
Quanto aos partidos políticos e o levantar das bandeiras nas passeatas, a coisa também é complicada. Vejo gente criticando o tal do apartidarismo, dizendo que no fundo se trata de um antipartidarismo, fato que já residiria numa esfera totalitária. Posso estar enganado, mas a coisa a meu ver é diferente. É entender que o povo não se sente mais representado por nenhum partido. Não é a negação de partidos políticos, eles podem e devem se expressar livremente. Mas a grande questão é: o que vai mudar na manifestação se eu levantar a bandeira do meu partido? Vejo uma ala da esquerda defendendo suas bandeiras de esquerda, ou seja, só o seu próprio umbigo, mas garanto que se aparecer uma bandeira de um partido que não tenha as mesmas ideias eles mesmos vão pedir para que as bandeiras se abaixem. Então, repito: No que isso vai ajudar? Realmente vai ajudar nos pedidos que estamos fazendo? Se sim, levantem-nas! Eu não acho que realmente ajude, embora eu ache que atrapalhe pouco.
É um exame de consciência individual. A luta está sendo travada em dois ou três pólos radicais e por vezes cegos em suas crenças e convicções cristalizadas. A maioria não se dá o benefício da dúvida, justamente em um momento onde muita coisa circula e muitas vozes falam, e as coisas estão bem diluídas. Tanto a direita extremista quanto a esquerda extremista acaba por fazer miséria onde passa (ditadura militar e cortina de ferro nos contaram essa história).
Sim, é democrático levantar as bandeiras, tanto quanto é democrático decidir pela inclusão ou não de bandeiras partidárias. Se a maioria decidir levar, é de direito levar, se a maioria disser que não quer, então quem perdeu deve exercer seu direito na democracia e aceitar ser vencido nessa decisão. Democracia não é só mostrar o seu lado, é saber que existem outras pessoas e que a maioria fala e deve decidir, mesmo que às vezes não concordemos com o discurso dela. Sim, eu sei que esses partidos de esquerda que foram perseguidos, porque os de centro ou direita nem são loucos de mostrarem a cara, é que faziam movimentos de protesto com poucas pessoas enquanto a massa estava distraída vendo a globo. Dou parabéns a quem fazia isso, movimentos nos quais eu mesmo raramente dava as caras. Mas o momento é outro.
Pois bem, devemos sim continuar saindo às ruas, protestando, mostrando aos governos que não estamos satisfeitos, que o povo tem sim sua voz. E não devemos ficar só nas ruas, devemos ler, discutir. Devemos fazer exame de consciência, pois, se o Brasil não está bem, é porque não estamos bem. Se o país é o corrupto é porque temos o jeitinho brasileiro. Se o congresso é uma zona, é porque só pensamos em carnaval pra inglês ver. Como já disse, a mudança, apesar de parecer meio utópica, é interna em cada um de nós
Enfim, estou longe de me considerar estar com a razão. As visões muitas vezes são turvas. Acho a discussão válida, o embate é primordial em um momento histórico. Porém, verdades absolutas só criam lados distintos que se detestam e se evitam. Dê a si mesmo o benefício da dúvida, que, penso eu, está longe de ser uma coisa ruim. E perdoem-me pelo texto meio “colcha de retalhos”, são muitos pontos a serem tratados.

PS: Lembremos de Slavoj Žižek quando do movimento em Wall Street
1)                           Que esse movimento não tenha no futuro tom nostálgico, isso tem que ser algo cotidiano.
2)                          Não nos apaixonemos por nós mesmos.


PS 2: Cuidado com a apropriação do discurso pela mídia. Cuidado para entender qual é o discurso dos movimentos e qual é o discurso das grandes redes. 


PS 3: Cuidado com os heróis dizendo “Eu sempre estive do lado de vocês”. Cuidado com mitos, sobretudo com o neto de um cara que não governou o Brasil porque foi morto uma noite antes de assumir. É só mito, nada diria que ele salvaria o Brasil pós-ditadura. 

11 comentários:

Luigi Ricciardi disse...

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Patrícia de Oliveira ótimo texto, as pessoas precisar saber claramente sobre o q estão manifestando e o pq, não fazer oba oba e dizer q é nacionalista nas redes sociais]
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Alessandra Agulham Serafini Vc escreveu? Luigi Ricciardi? Parabéns, muito bem escrito!
il y a 7 heures · Je n’aime plus · 1

Luigi Ricciardi Sim, o texto eh meu. Obrigado, Alessandra.
il y a 7 heures via mobile · J’aime · 1

Eunice Schulz · Ami avec Kelly Hilst et 3 autres personnes
texto muito bom!
il y a 5 heures · Je n’aime plus · 1

Zoé Mastrodicasa apoio
il y a 2 heures · Je n’aime plus · 1

Luigi Ricciardi disse...

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Victor Simião Parabéns pelo texto, velho. Mas devo discordar em certos pontos - à moda francesa, é claro. A palavra "presidenta" existe. "De acordo com as lexicógrafas Marina Baird Ferreira e Renata de Cássia Menezes da Silva, que realizaram a pesquisa histórica, o substantivo feminino presidenta existe na língua portuguesa desde 1872. Em dicionários, os primeiros registros da palavra ocorrem ao menos desde 1925" (http://migre.me/f9sIJ). Sobre cantar o Hino Nacional e levantar a bandeira do Brasil, não creio que seja um passo para o totalitarismo ou fascismo. Mas também não acredito que seja uma atitude do "gigante". Não é necessário, ao meu ver, brasileiros cantarem o Hino Nacional para provarem que são brasileiros. Ser brasileiro é estar nas ruas lutando - que é o que eles (nós) estamos fazendo. Além do mais, gritos de ordem contra ou a favor de uma causa é mais utilitário, claro está. Em relação às bandeiras partidárias. Ao meu ver, quem pensa na classe de estudantes é trabalhadora é a esquerda. Não os partidos políticos em si, mas a ideologia de esquerda. Reforma política (revolução), distribuição igualitária de renda, melhorias no transporte público (pú-bli-co) fazem parte das discussões que a ideologia da esquerda sempre discutiu. Ontem à noite conversamos sobre as bandeiras, e você me disse aquilo que está escrito no blog. Hoje, enquanto lia o texto, cheguei a conclusão que as bandeiras vermelhas, sim, tem a função por lá. Não pelo caráter político, mas ideológico, de mostrar que existem partidos que não se vendem ao sistema, acreditem as pessoas ou não. As bandeiras levantadas mostrariam que existem partidos políticos que ainda se importam com o povo. Lembrando que o povo que aqui me refiro não é a classe média alta; é a classe média e mais abaixo disso. São eles (nós) que sustentamos os pilares da economia brasileira. Lembro-me que ontem você comentou que foi decidido em votação, ao menos aqui em Maringá, que as bandeiras partidárias não deveriam ser levantadas, e que isso era a democracia. Pois bem, eu acho que não. Eu creio que isso é a falta de consciência política. É de achar que tudo e todos são iguais. Isso sim é o totalitarismo. E em muitas vezes a massa é burra, ou você acha que em 1964 o golpe que ocorreu foi um Golpe Militar? Claro que não! O gole foi um Golpe Civil, já que a população, à época, foi às ruas clamar pela intervenção dos militares. A população não queria que a esquerda tomasse conta. E por quê? Porque os grandes meios de comunicação disseminaram a ideia de uma esquerda assassina e saqueadora. E como a população não tinha outra forma de se informar, aconteceu o que aconteceu. "Ah, mas então se os partidos de esquerda puderem levantar as bandeiras, os partidos de direita e de bandeira azul também poderão. Isso é democracia." Não, não devem. Os partidos de direita, em sua maioria, são neoliberais e querem favorecer grandes empresários e esquecer da população mais baixa. Isto ele, eles não nos representam. Sem contar que essa ideia de apartidarismo, de que o movimento é sem envolvimento de partidos políticos, leva-nos ao caos. Ao caos porque se não há gestor, não há como gerir. E sem uma gerência, qualquer um pode vir e tomar conta. Por fim, acredito que tudo que estamos vivendo agora irá balançar nossa política. E espero que mais pessoas sejam "politizadas", e não apenas manifestantes de Facebook.

Luigi Ricciardi disse...

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Fabio Fernandes
Victor só os de esquerda podem levantar bandeira? Como vamos definir o que é esquerda? o PT é esquerda? o Pstu é esquerda? até quando?
Qual é o intuito de levar a bandeira de um partido para estas manifestações? Pra mim é tão vazio quanto levar um cartaz (Fora Dilma). O que a maioria do povo está pedindo é uma reformulação no sistema, não a troca de partido. Muitas pessoas não querem a participação de partidos porque a mídia automaticamente vai reduzir o movimento à campanha política e ai os interesses da população vão por água abaixo. O fato do cara insistir em levar uma bandeira de partido mesmo contra o pedido da maioria é mostrar que a propaganda do seu partido é mais importante do que a luta social. Como você vai decidir até que ponto é democracia e até que ponto é falta de consciência política?
E eu não entendo por que as pessoas insistem em criticar deliberadamente (não falo sobre o Victor) as pessoas que querem se manifestar. Seja no face, seja na rua o protesto é válido. Antes discussão sobre o movimento do que mensagem com foto de espelho

Luigi Ricciardi disse...

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Luigi Ricciardi
Legal, cara, gosto da discussão sim, e discordar é bom, desde que se dê argumentos fortes, o que você fez, embora não me convencesse de todo e eu ainda mantenho boa parte das coisas que afirmei. Quanto ao termo, o fato da palavra existir oralmente não significa que ela já integre a língua. O processo é lento e ela deve ser consagrada não só por um grupo que se identifica com aquele novo vocábulo, mas com um certo número de grupos. Por isso eu sou contra a palavra "piriguete" ser dicionarizada pelo Aurélio Jr., uma vez que se trata de uma palavra de moda, que já nem é praticamente usada. A palavra 'barrer" como sinônimo de "varrer" está sendo analisada para ser dicionarizada, uma vez que vários grupos já a usam. Foi o que aconteceu com o verbo "ponhar". O fato da palavra "presidenta" ter aparecido na língua não quer dizer que ela se consagre na língua. Se aceitássemos a norma é como se muitas coisas tivessem que ter flexão no feminino. Então a "presidenta" será "clienta" de um supermercado e estará "contenta" com os movimentos, "pacienta" quando ficar doente, e se tiver um caso com alguém ela será "amanta". E justamente no momento que falamos de democracia/totalitarismo, a "chefa" do estado vem e obriga a todos a usarem esse termo que não era usado. O termo não foi consagrado pelo uso coletivo e sim por uma imposição depois que ela assumiu. Entende minha birra com o termo? Quanto às bandeiras, para mim democracia direta, e nas urnas chamamos isso de "sufrágio universal" é quando as pessoas vão votar e decidir o que querem e quem querem que os representem. Pois bem, se houve a votação, camarada, proposta inclusive na página do evento, e eles perderam, é dever democrático respeitar, senão aí sim há tendências totalitaristas. Se eu ganho, exerço o que me foi dado com a vitória. Se eu perco, eu não respeito a maioria e faço o que eu quiser mesmo assim. Acho sim que isso foi antidemocrático. Porém, como eu disse, não acho que isso faça grande diferença. Como eu disse também no texto, sei que muitas vezes esses partidos é que faziam alguma coisa quando ninguém fazia, e bato palmas para eles. O que eu acho é que, a mídia, grande safada, pode se aproveitar, como já vem fazendo em alguns pontos, das bandeiras partidárias e vender o movimento como se ele fosse ligado a tal ou tal partido. Ainda assim, vejo a presença como inofensiva e de pouca mudança, vejo isso como neutro, então, se quiserem levar, que levem. Então, se quisermos levantar e dizer e marcar que é uma revolução vinda da esquerda, ergamos bandeiras vermelhas sem nomes de partido, o que daí parece ser mais interessante, pois significaria a união de partidos de esquerda, tentando lutar juntos por alguma coisa. Também acho que é limitador escolher o hino e a bandeira como nossos símbolos máximos, contudo, não dá pra julgar quem o usa, se a coisa não for de ufanismo extremo, for um nacionalismo contestador acho que é válido sim. É que normalmente quem faz isso faz com intuito de direita, mas nem todo mundo.

Luigi Ricciardi disse...

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Luigi Ricciardi
Cara, por mais que me dê asco falar e "autorizar" a direita em fazer algo, não podemos dizer que eles não podem se manifestar. Eles podem sim, embora eu tenha vontade de atropelá-los (hahahaha), porque senão estamos sendo totalitários também. Não há só totalitarismos de direita, há de esquerda também. O que me preocupa é que tem muita gente olhando pra esquerda como algo utópico, como algo perfeito, e não é, a história já nos mostrou isso e é só ver o caso do PT que pra mim "se endireitou". Eu acho que temos que podar os direitistas e totalitaristas do movimento, mas se eles quiserem fazer o deles, vamos ter que aceitar que façam o movimento, o que nos obrigará a sermos mais fortes e tentarmos vencê-los. Também acho que os partidos de direita não nos representam, mas eles existem, e sempre vão existir, cara. Não sou niilista, sou realista. O negócio é sermos de esquerda, e autoreflexivos, individualmente e em grupo, pois há sempre perigo quando se trata de seres humanos. E aquilo que disse, cobrar essa "consciência política" (da qual você e todo mundo fala como se fosse uma coisa que todo mundo tivesse e que fosse do dia pra noite que se construísse) não é tão simples assim, sobretudo no Brasil, um povo que passou tempos sendo quase apolítico. É o que o Rael Gimenes Toffolo falou ontem. Dentro do movimento, quando vemos alguém perdido, alguém bem intencionado que não tem certa consciência, vamos sentar e conversar. O negócio é guiar. Se as pessoas estão propensas a lutar, elas estão propensas a ouvir, elas vão entender. Só que não é tão fácil assim chegar a luz sozinhas.

Luigi Ricciardi disse...

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Victor Simião
Fábio, quem deve levantar as bandeiras são quem realmente está com a população. Sejam eles partidos, entidades, sociedades etc. O PT, em sua base, ainda é esquerda. Dentro do partido existem várias tendências/forças que divergem entre si. A majoritária, que é onde se encontra Lula e Dilma, pode não ser. E veja bem, eu disse "pode". Um sistema corrupto acaba com ideologias. E não, não sou petista. O PSTU vem de linha marxista-leninista-trotskista. Em teoria, esquerda, sim. Concorde você ou não. O porque de bandeiras serem importantes? Simples, as bandeiras mostram que existem forças partidárias que ainda lutam pelo povo. Mas o povo não quer a mudança do partido, o povo quer reformulação do sistema. O que seria o sistema, cara? Isso é tão geral que chega a ser vago. Por vez, o povo não sabe o que quer. E nós sabemos disso. E eu não acredito que a mídia irá dizer que se resume em partidos. Ora, leve seu cartaz e fique longe das bandeiras. Ou leve sua bandeira com os dizeres "não tenho partido". No momento, o que a mídia nos mostra é que a população está lutando por melhorias sem partidos. Na verdade, o que ela quer é reduzir o que a esquerda já fez e o que pode fazer. Dizendo que não há partidos, consequentemente pessoas menos abastecidas intelectualmente por assuntos políticos, vão imaginar que partidos não servem pra nada, que só servem para roubar etc. Com isso, vão tirando as pessoas da real vida política e militante. Descobrir quem sabe ou não sabe a causa é algo complexo. Mas o mais necessário seria informar a todos, porque pessoas que fazem as coisas por fazer são facilmente enganadas e manipuladas. Para se engajar, deve-se, primeiro, informar-se, ao meu ver. Não que não seja válido o movimento, mas que, quanto mais pessoas souberem o que estão fazendo, e não apenas reclamado pela "retirada do Renan Calheiro do senado, ou da Dilma na presidência", melhor.

Luigi Ricciardi disse...

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Fabio Fernandes
Mas então Victor entendo e concordo muito com você quando você diz que quanto mais pessoas se informarem melhor será a luta. Entretanto ainda não concordo quando você fala sobre os partidos e pra mim estes conceitos de direita e esquerda estão confusos demais e sinceramente não acredito mais nisso. E da maneira que você coloca lá em cima por exemplo, você está demonizando a direita dizendo que ela serve a interesses que não do povo. Pra você ter uma ideia aqui na minha cidade, nas últimas eleições o candidato a vereador que melhor trabalhou em prol do povo e que foi o segundo candidato mais votado não foi eleito por efeito das ridículas legendas de partido, esse é só um dos exemplos de sistema que a população não aguenta mais.

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Victor Simião
Luigi, aí fica vago, cara. Querer enquadrar a todo mundo do "ente" no "enta" fica estranho. Vale o bom senso nessas horas também, não é. Sem contar que há a Lei 2.749, de 1956, que diz que os nomes de cargos, no funcionalismo público, devem "casar" com o gênero de quem os ocupa. Entendo o direito da democracia. Mas, reflita comigo, se nas eleições para os cargos executivos e legislativos federais existem pessoas que votam sem saber, ou porque um amigo falou bem, imagine numa pequena votação desse tipo. Sobre uma bandeira vermelha unificada? O Psol, que é uma força de esquerda, tem bandeira amarela. Aí complica, né? Além do mais, mesmo sendo forças de esquerda, em alguns aspectos os partidos divergem. A ideia não é de toda má, mas não sei se funcionaria também. Além do mais, o protesto de ontem teve bandeiras. Claro, em um bloco separado do "principal". Esse bloco separado ouviu vais, foi xingado, mas pode participar do movimento. E é isso que eu acho certo. Sobre a questão da consciência política, sei que não é fácil. E sei que dentro das escolas não há tanto empenho para isso. E quem deveria dar essa consciência a população? Não sejamos utópicos para dizer que a mídia. Então quem? Movimentos sociais e políticos de esquerda, meu velho. Fazendo encontros, movimentos de juventude, etc. E grande chance deles, para isso, seria num movimento como esse. Mas com essa retaliação aos partidos que, ao meu ver é de interesse da mídia e de alguns movimentos políticos, fica difícil, né? Apenas espero que não erremos como as pessoas do passado, que, pelo mesmo motivo, de não querer ver bandeiras vermelhas e partidárias, clamaram o exército. E deu no que deu.

Luigi Ricciardi disse...

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Victor Simião
Fabio, normalmente pessoas que desacreditam em posições ideológicas tiveram decepção com o PT. É o seu caso? hehe. Cara, em questão nacional, a direita sempre prensa mais no lucro no que no bem-estar social. E isso é fato. Só analisar a história recente do País. Sobre a situação em sua cidade, quem era o candidato, qual o partido dele e qual foi a legenda?
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Fabio Fernandes
Pior que eu nunca tive uma posição ideológica forte Victor, tipo de apoiar fortemente um partido, mas confesso que estou cheio de decepções, mas não com relação a esse ou aqueles partidos, estou decepcionado com a configuração que está ai. Na minha opinião precisamos urgentemente de uma reformulação constitucional, jurídica e legislativa, mas isso não é uma coisa da noite pro dia.
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Luigi Ricciardi disse...

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Luigi Ricciardi
Em nenhum movimento, cara, eu fiz retaliação a partidos políticos, muito menos os da esquerda. Se o povo quis participar com bandeiras ontem e participou, ótimo, foram lá e mostraram as bandeiras, beleza, mesmo entre vaias. O que eu acho é que isso vai levar, se já não levou, o movimento à divisão. E não venha culpar só os que não querem partidos pelo raxa. Os dois lados parecem não ceder, então não vai haver diálogo mesmo. O que o Fabio Fernandes alertou é interessante, acredito sim que a ideologia partidária, e isso é uma coisa aqui comigo, é uma coisa quando está na oposição, estando na situação a coisa pode mudar de figura. O PT se não se endireitou por completo, a maior ala acabou sim por fazer, tanto que teve uma debandada de políticos do PT para o PSOL, PV, PC do B, PSTU entre outros. Rapaz, os partidos de esquerda divergem em alguns pontos sim, mas mesmo dentro dos partidos há divergência. O fato de uni-los no movimento não quer dizer fundi-los. Eu só sugeri a cor vermelha porque historicamente é a cor dos movimentos socialistas/comunistas, aí se o PSOL aceitaria é outra história. Ainda assim fico com essa opinião. Quanto ao vocábulo, não, não fica vago, é o grupo de palavras do qual "presidente" faz parte. Acho que a discussão dentro do partido é interessantíssima, acredito que os partidos já fazem, mas limitar isso dentro dos partidos é ficar na mesma onde estamos há décadas. A discussão tem de ir, sim, às escolas e outros redutos para discutir e passar essa consciência. Também espero que não cometamos os erros do passado, nem os erros dos países da primavera árabe. Mas o momento é outro, acredito que golpe militar é lenda, inclusive para mim é ideia plantada pela direita para tentar deter o movimento pondo medo nas pessoas.

Luigi Ricciardi disse...

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Luigi Ricciardi Disso sim eu tenho medo senhores: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=507729319299939&set=a.213451275394413.54871.146289775443897&type=1&theater

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Par : Leia a Bíblia
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Fabio Fernandes Ainda bem que isto não ta aparecendo muito neh Luis
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Thays Pretti Concordo com teu medo Luigi Ricciardi. Meu medo foi ver um cartaz "A Igreja também está aqui contra a PEC37". Preferi um outro, mais simpático, que dizia "Até a cadela é Laika e o Estado não"
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Luigi Ricciardi kkkkkkkkkkkkkkkk
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Fabio Fernandes Eu vi esse Thays, medo eterno
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Victor Simião Não digo retaliação por sua parte, Luigi. Sobre a divisão, isso é verdade. Ao invés de nos unirmos para lutarmos por algo DEFINIDO - pelo amor de Deus, ou seria deus?, e não a bagunça que houve em alguns momentos - decidimos quem deve ou não participar. No mais, acredito que todo debate é valido, que não sofreremos um golpe agora, e que você deve me pagar uma beer.
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Thays Pretti Na hora, até pensei numa paródia para a música "piercing" do Baleiro: "Tire o seu Cristo do caminho que eu quero passar/ com a minha dor".
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Luigi Ricciardi Aposta feita!
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Victor Simião Aposta com quem? haha
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Luigi Ricciardi Com vc! hahaha
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Victor Simião Mas que aposta nós fizemos, cara. Você tá louco? hahaha
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Luigi Ricciardi Vc me pagará uma beer
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